quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A incubadora da cidade

Bom dia caros leitores, estamos aqui para informar que o nosso texto da próxima segunda-feira é sobre a Sanjotec - Centro Empresarial e Tecnológico.

Já sabe o que deve fazer na segunda-feira: aparecer aqui no blogue para ler sobre esta infra-estrutura que acolhe novas empresas de base tecnológica.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Empresas sanjoanenses - Viarco

 A última empresa desta nossa série de textos relativos a empresas marcantes do panorama empresarial sanjoanense é a Viarco, que se destaca por ser, hoje em dia, a única fábrica de lápis em actividade no país.
Nesta nossa abordagem a esta empresa contamos com uma entrevista a José Vieira, director da empresa. Agradecemos a disponibilidade do mesmo para a realização desta entrevista.

História da empresa:
A Viarco é já uma empresa centenária, uma vez que a sua origem está na fábrica de lápis Portugália, da cidade de Vila do Conde, fábrica que iniciou a sua actividade em 1907.

Esta empresa, que foi pioneira neste ramo de actividade no nosso país, teve um grande sucesso nos seus primeiros anos de actividade. Contudo, a partir de 1914 esta fábrica registou grandes dificuldades, devido à participação de Portugal na I Guerra Mundial (1914-1918) e à Grande Depressão de 1929-1933. Assim, em 1931, a Portugália estava em situação de falência e foi adquirida por Manoel Vieira Araújo. Este importante empresário da cidade de SJM, que já detinha uma fábrica de chapéus na Capital do Calçado, decidiu, desta forma, alargar os ramos de actividade da sua empresa, tendo sido a Portugália integrada no grupo Vieira Araújo.

Após esta aquisição seguiram-se dez anos de intenso trabalho, após os quais estavam criadas as condições para, em 1941, deslocalizar a fábrica de lápis para junto das restantes empresas do grupo Vieira Araújo, isto é, para a cidade de SJM.

Seguiram-se anos em que a Viarco juntou à produção dos lápis mais comuns a produção de lápis de cera e de uma gama de lápis técnicos. Posteriormente, na década de 1970, face ao crescimento da secção de produção de lápis do grupo Vieira Araújo, este decidiu tornar autónoma a unidade de produção de lápis, tendo nascido a “Viarco – Indústria de Lápis, Lda”.

E é este o nome que a empresa toma hoje em dia, tendo-se tornado na única fábrica de lápis do país. Sobrevivência que, segundo José Araújo, tem passado “por um lado, pela capacidade de execução e gestão da empresa” e “por outro lado, pela sorte” que a empresa tem tido ao longo da sua já longa existência.

A Viarco, na actualidade:

Hoje em dia a Viarco emprega 20 trabalhadores, produzindo lápis para os mercados escolar, profissional, da publicidade e das artes plásticas. O seu volume de negócios foi, em 2009, de 500 mil euros.

Um dos mercados tradicionais da empresa para a venda dos seus produtos é, naturalmente, o mercado escolar, que é um “mercado de massas”, como afirmou José Vieira. Contudo, “infelizmente o mercado escolar, para nós, Viarco, é extremamente difícil”, facto para o qual a empresa aponta duas causas principais: a dificuldade na venda dos seus produtos nas grandes superfícies e o facto de este mercado ser muito competitivo, apresentando margens de lucro muito pequenas.
Mesmo assim, a empresa não desiste deste mercado, pois, mesmo não sendo um mercado que possibilite grandes lucros à empresa, é importante pelo “contacto que nós criamos ou podemos criar com o consumidor, isto porque vocês hoje são filhos e amanhã vão ser pais, e se houver esta afinidade, estamos a potenciar relações que podem ser muito proveitosas para a empresa no futuro”.

Mas, para a Viarco dos dias de hoje, a venda dos lápis tradicionais, de que temos estado a falar, tem perdido importância, pois a empresa tem desenvolvido novos produtos inovadores. Estamos a falar da linha ArtGraf, destinada aos artistas plásticos e feita com base nas sugestões dos mesmos. Consiste num conjunto de “inovações totais a nível mundial”, que resulta da viragem da Viarco para uma estratégia de criação de produtos únicos, em que o preço é determinado “não em função do custo de produção, mas sim em função do valor que o consumidor está disposto a pagar”. A empresa apercebeu-se de que só inovando pode vender produtos com grandes margens de lucro, que lhe permitam aumentar o volume de vendas.

Para além disso, é esta estratégia que está a fomentar a internacionalização da empresa, pois estes novos produtos têm um enorme potencial de exportação, um potencial que se evidencia nas participações da empresa em feiras internacionais do ramo do design e das artes, nas quais se tem registado uma reacção “absolutamente fantástica” dos artistas a estas inovações. Em consequência, José Vieira afirma que “passo a passo queremos afirmar-nos em toda a Europa e também alargar o nosso mercado a outros países, como EUA e Canadá”.
Em suma…
Não temos dúvida de que a Viarco é uma excelente empresa e que merece o destaque que lhe damos, pois, não obstante a sua reduzida dimensão e número de trabalhadores, tem uma longa história e soube apostar na Investigação e Desenvolvimento e, assim, ‘agitar’ um mercado pouco dinâmico. Os sectores tradicionais também podem inovar e criar valor acrescentado, e esta empresa está de parabéns por se ter apercebido disto e por contribuir para as exportações do país, puxando pelo motor que pode tirar o país da crise em que se encontra!